Quando era gaiata adorava fazer colecções de cromos. Era tão divertido. Mas também trabalhoso. Desde logo a perseguição aos nossos pais para comprarem a caderneta. Depois os cromos. No inicio era tudo muito bonito, os cromos quase nunca eram repetidos. À medida que a caderneta ia ficando composta, começavam a vir os cromos repetidos. ficávamos com muitos para a troca. Os nossos pais, se vacilávamos, deixavam de os comprar. Começava então a altura de fazermos listas com os números que nos faltavam. Era com muita alegria que íamos riscando nessa lista os que iam aparecendo. Até que ficavam a faltar meia-dúzia. Esses eram procurados em mercados paralelos. Mas só desistíamos quando nos aparecia o último cromo. E todas as colecções tinham um cromo difícil que nunca saia a quase ninguém. Quando a colecção ficava completa a alegria era imensa. Compreendi que o que nos satisfazia não era ter a caderneta completa mas sim a procura incessante dos cromos. Procurar, conseguir os cromos era o que nos movia.
Cromo, é por definição, um desenho impresso a cores. Actualmente, quando utilizamos esta palavra não é esta definição que nos vem à cabeça. Talvez outra que venha num diccionário de giria. Os tempos mudam. Hoje não precisamos de comprar cadernetas. Nós somos as cadernetas. Já não procuramos os cromos. Eles vêm ter connosco. Até o mais dificil, aquele que nunca saía. Agora sai-nos sempre. E são uma versão melhorada. Já não precisam de vir com cola. Nós, as cadernetas, temos uma "cola-íman", caiem cá todos...
1 comentário:
vinha agradecer a simpatia do comentário e já agora dizer que também colecionei muitos cromos, dos da bola , claro. .Vinham embrulhados em rebuçados que nos davam cabo dos dentes e que colávamos com cola feita de farinha.E, é verdade, havia sempre o cromo mais difícil , que nunca saía. Mais tarde apareceram os já com cola, ainda fiz muitas colecções mas acho que nunca acabei nenhuma.
Um blog muito interessante. Parabéns.
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