"Há coisas piores" ou "podia ser pior" são frases recorrentes que nos devolvem quando nos queixamos de alguma coisa. De uma forma simples significa que quando pensamos que nada pior pode acontecer, acontece mesmo!
Sermos osculados por pessoas que nos passam o ano inteiro a encolerizar nos dias que antecedem o Natal e em nome do Natal, é um dos fenómenos sociais que me deixa irada.
Mas de facto há coisas piores. E ir votar é uma delas. Não me teria apercebido deste fenómeno, porque depressa tendo a esquecer comportamentos que me irritam, não fora terem ocorrido três actos eleitorais no período de quatro meses, dois deles no espaço de quinze dias.
Já experimentei ir votar em horas diferentes, antes de almoço, depois de almoço, quase no fim da votação, mas não há como escapar ao vizinho que nos viu crescer. Aproveitam esta altura para fazer mil e uma perguntas sobre a nossa vida. O imcompreensível nesta estória é que são as mesmas pessoas com quem nos cruzamos frequentemente no nosso dia-a-dia. Muitas vezes nem cumprimentam ou fazem-no timidamente. Agora metemos os pés na escola para ir cumprir o nosso dever cívico e lá estão eles, as criaturas mais afáveis do mundo a perguntar pela nossa vida, o que fazemos, com quem estamos, se estamos magros, gordos, mais velhos, na mesma. Selam a maravilhosa conversa com um não menos maravilhoso par de beijos. Faz parte também do dever cívico meterem-se na vida das pessoas nos actos eleitorais? não é suficiente colocar a cruz segundo a ideologia? Tenho quase a certeza que os níveis de abstenção não são maiores porque há muito boa gente ávida de eleições não por participar no acto cívico implicito mas mas para participar na vida de quem por lá aparece...
Poderá ser possivel num futuro próximo, muito próximo, o voto por Internet?
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