Quando as pessoas falam baixo, consigo ler. Quando falam alto, arrumo o livro e resigno-me. Resolvi tirar partido e aproveitar das conversas alguns momentos de humor. E consegue-se!
Três filas à minha frente duas senhoras conversavam com grande animosidade sobre o vulcão, que se lembrou, depois de alguns dias de tréguas, de voltar a fazer das suas. As senhoras estavam preocupadas que as cinzas invadissem o espaço aéreo Português. A título de corolário, uma senhora afirmou veemente: "a natureza está muito zangada com os humanos". Uma fila de autocarro à minha frente: "pai, como é que a natureza se pode zangar com as pessoas? e porquê que ela está zangada?". O pai, penso que para não dar continuidade ao disparate, respondeu: "é muito feio ouvir as conversas das outras pessoas". Não vi a cara do gaiato, mas calculo que deva ter feito uma cara de "processamento de informação" porque demorou alguns instantes com a réplica, "pai, como é que eu faço para não ouvir as conversas das pessoas?". Que pergunta tão pertinente! É a pergunta que me faço diariamente. Apurei a minha audição na esperança de ouvir uma resposta que me servisse, que me salvasse. Apenas ouvi um simples "não lhes ligues, pensa noutras coisas." Pois é meu caro pai, só isso não chega!
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