sábado, 26 de novembro de 2011

Cenas inesperadas

Estava um bonito dia. Um sol lindo de quase inverno, temperatura amena. Apetecia-me andar a pé. Fi-lo com a minha mãe. Felizmente moramos num sitio onde podemos fazer caminhadas simpáticas. Quando passeio com a minha mãe é bom por vários motivos. Primeiro pela sua companhia, depois porque as nossas conversas e caminhos percorridos me remetem para a minha juventude e para as aventuras que vivi no meu bairro.
Resolvi ir um bocadinho mais longe e ir passar perto de uma das escolas que frequentei, onde fui muito feliz, e que agora está vetada ao abandono por causa de uma suposta construção de uma terceira travessia sobre o Tejo. Enquanto se decide se há dinheiro para a tal construção, uma das maiores e melhores escolas de Lisboa está fechada e a degradar-se. Os terrenos circundantes tornaram-se numa quase lixeira. Ainda há quem pense que os electrodomésticos, colchões, sofás, etc, que têm em casa são biodegradáveis.  Avistei ao longe funcionários da CML a recolherem esses elementos. Os senhores, por alguns momentos e conforme eu e a minha mãe caminhávamos em sua direcção, olharam várias vezes para nós. Passámos por eles, lá trabalhavam. Quando foi a vez deles passarem por nós, já iam dentro da sua carrinha, pararam e perguntaram, de forma muito educada, se podiam fazer uma pergunta, foi o motorista. Respondi que sim, pensava que me iam perguntar uma qualquer morada. Mas não, perguntaram se a senhora que ia comigo era minha mãe. Antes de eu responder disse-me o senhor: "Se for sua mãe estime-a muito. Eu fiquei sem mãe aos sete anos e sem pai ao treze anos. Sofri horrores. Hoje em dia quando vejo pessoas novinhas (adorei esta parte) assim como a menina e a forma como está com a sua mãe fico muito contente." o Colega dele disse: "É bonito ver como passeia com a sua mãe, não é frequente as pessoas com a sua idade, deve ter entre trinta e um e trinta e quatro (também adorei) fazê-lo". Respondi, é minha mãe sim! Já tenho mais de trinta e quatro e sim estimo-a muito e vou continuar a estimá-la. Os senhores sorriram para mim e eu senti o meu coração tão cheio. Os senhores estavam a ser sinceros comigo. Senti-me uma privilegiada perante aquele senhor simpático que cresceu sem mãe. Eu cresci com uma mãe que fez de mim o que sou hoje. Eu ainda posso passear com a minha mãe.
E o dia ficou ainda mais bonito!

1 comentário:

S disse...

M,

És uma linda, tu e a tua mãe são umas lindas.
Tudo de bom para as duas.

Bacci

S