domingo, 3 de agosto de 2008

A Estética

Como será o relacionamento com os condómino? Foi uma das questões que me coloquei quando mudei de casa.
Como nunca se sabe quando a vida nos coloca perante uma pessoa mal disposta e, destas já estou enfastiada, tentei portar-me bem, não fazer barulho, por a música alta, enfim, não fazer má vizinhança.
Decorrido este tempo, ninguém se queixou. Assumi, então, que o meu comportamento era o correcto e que tinha ultrapassado a fase difícil, ou seja, a fase do quem é esta, será que vai incomodar. Menos uma preocupação.
Uma sexta-feira, literalmente no final do dia, subia eu a escada com o menor barulho possível quando fui interpolada pela minha vizinha do lado: "Dona Carla, desculpe, mas preciso de falar consigo", disse a senhora com um ar muito receoso. "Lá vem bronca", pensei eu.
As pessoas não param de me surpreender. A minha vizinha, à meia-noite de uma sexta-feira, apenas queria falar comigo de, pasme-se, estética!
Resumindo, faz parte das regras do condomínio deixar um garrafão de água em cada porta, para os fins tidos como necessários pela senhora da limpeza. Tenho deixado, quando me lembro, e quando não me lembro sou desagradavelmente acordada ao Sábado de manhã, um garrafão de água vulgaríssimo. O problema é que o garrafão que tenho deixado não é igual ao da minha vizinha do lado e, ao que parece, desde que me mudei , e pelo motivo descrito, ela tem andado aborrecida com a estética do andar. Percebe-se!
Foi, então, com uma generosidade inesperada, que me deu um garrafão, já devidamente cheio de água, igual ao seu, rematando "para pelo menos o nosso piso ter estética".
Quando aceitei a troca vi que, num pequeno gesto, podemos fazer bastante pela felicidade das pessoas. Como ficou contente a senhora com a recuperação da estética do nosso piso. "É o mais bonito do prédio". Finalmente pude ir dormir sossegada.
Foi este o meu primeiro percalço como recente condómina.
A minha vizinha tem toda a razão. A estética do piso realmente é única.






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